Tudo começou com os policiais abordando três estudantes que portavam alguns baseados. Não seria provocação fumar na cara dos policiais? O que parece que a Universidade é um feudo, e dentro da Universidade as leis são diferentes. Bom, não é. Mas nem todas as leis são corretas.
Não é porque a lei existe que ela é justa. Cabe sim aos universitários questionar as leis. E veja, eu não defendo o uso das drogas nem a discriminalização do seu comércio. Mas defendo o direito de se debater isso de forma civilizada. O que nos leva de volta ao ocorrido na USP. Sim, a polícia é um forte instrumento de coerção. Seria legal ser levado a delegacia porque você "estacionou" em lugar proibido? Não parece exagero, excesso de força!? Então, o que essa ala revolucionária ultrajovem por meio da assembleia (antidemocrática) dos estudantes propõe é que a vigilância seja exercida pela guarda universitária e não pela PM (bom… é uma solicitação razoável).
O diabo é que a USP convive com com uma violência assustadora. É fácil cometer todo tipo de crime e fugir por uma das diversas portas não mais vigiadas da USP. Não mais vigiadas porque a bandidagem é tão grande que não é "seguro" para a guarda universitária vigiar essas portas (não para o contigente nem para as armas que ela dispõe). A USP está a mercê de bandidos que residem nas comunidades carentes que orbitam sua existência. Bandidos existem em todos lugares, mas a desigualdade social, a pobreza, a exclusão social e uma série de outros fatores acabam por fazer que as comunidades mais carentes mais expostos ao crime, principalmente a criminalidade violenta.
Não que a USP deva ser uma exceção e ter o privilégio de não compartilhar das mesmas mazelas da sociedade, principalmente a vizinha. São então os estudantes da USP melhores que os moradores da São Remo? Ocorre que nossa sociedade não "democratiza" todas as suas coisas. A USP em si é um ótimo exemplo de exclusão social. A maior parte da verba destinada a educação é dirigida a instituições como ela da qual apenas uma ínfima fração da sociedade pode aproveitar. Uma vez que temos essa incongruência estabelecida seria ainda errado não zelar pelos recursos estão em parte concentrados nela, incluindo o humano.
De volta ao feudo que criamos, a USP como uma extensão dos condomínios da classe média. Sem a segurança devida, a USP é de fato uma gorda oferta aos petralhas. Fácil de entrar, fácil de sair, fácil acesso para "favelas", e várias alvos potenciais. Inclusive alguns estudantes de forma mais direta alimentam o crime assim como esses alimentam seus vícios. Então, ok, todos querem segurança (na USP) mas será que não é ingénuo achar que a guarda universitária é capaz de lidar com os problemas da complexidade descrita acima? Que a PM não está perfeitamente capacitada para abordar os estudantes concordamos mas parece pior a situação sem ela.
De onde nos leva ao linchamento público. Reitero minha opinião: não concordo com certas opiniões mas concordo muito que opiniões sejam respeitadas. Isso não é democracia. É um conceito muito maior. Justiça!? Respeito!? Bom, não sei o nome mas diverge daquilo que ocorreu. Já é difícil uma assembleia estudantil em que propostas mais ponderadas vençam e quando isso acontece o pessoal ignora? Para que? Repetir a agressão as autoridades. Forçar uma decisão que não tem o apoio da maioria. Para forçar goela abaixo uma opinião. Essas ações divergem de tudo… dos ideais, da civilidade, de tudo. Como defender essas atitudes?
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