Atualização: o verbo que traduz as manifestações de encorajamento de um grupo a uma pessoa ou time no português do Brasil é torcer. O que é bastante pitoresco. Torcer remete ao tempo em que as pessoas assistiam aos campeonatos de regatas e balançavam lenços (muitas vezes de forma sincronizadas, como um espetáculo de encorajamento). Quando as coisas ficavam tensas, o público começa a torcer os lenços.
As pessoas não entendem porque os brasileiros choram por um jogo. Debocham, compartilham fotos dos chorões, tolos, torcedores que torcem por "nada". A sabedoria da internet, nos inunda com uma série de ótimas frases. As dos ingleses são as melhores, talvez porque eles já estejam acostumados a perder no jogo que inventaram: "aos invés de chorar por suas crianças famintas, eles choram por um jogo". Essa frase é tão cínica e estúpida ao mesmo tempo que certamente não vou conseguir responder como deveria.
Ao falar em "suas crianças", o comentário limpa a consciência do inglês da pobreza no mundo. Como se estivesse a dizer: as crianças inglesas estão saudáveis e bem alimentadas; se existe alguma criança morrendo de fome, claro que não é no meu mundo. Talvez seja assim que o inglês, com sua moral sublime, consiga dormir à noite com toda a pobreza nos países de terceiro mundo. A África, por exemplo, não fica no planeta Terra. Quer dizer, não no planeta Terra inglês: Earth. "No kid hungry on the Earth, of course my dear".
Mas deixando o cinismo de lado, a frase coloca que o mundo não é governado pela razão. Qual a razão de se chorar por uma história de ficção escrita, contada ou encenada? Nenhuma, não é? As pessoas perdem tanto tempo com arte e entretenimento, para que? "E as crianças sofrendo?"
O que enche os pubs ingleses a noite? Seriam atividades relacionadas a caridade ou elevação intelectual? O que leva o avanço do consumo de drogas dos jovens? Para alguns, a estupidez é a explicação fácil; como se a vida fosse um problema simplíssimo, óbvio, boçal.
Assim como para qualquer pessoa inteligente com um mínimo de sensibilidade, futebol é um jogo emocionante. Sim, emociante, surpreendente, e de acordo com os americanos mais loucos, é um jogo contra os valores capitalistas: porque as pessoas que não tiveram o "mérito" de nascer nos "melhores" países competem em igualdade com os "melhores" nascidos e os indivíduos, por melhores que sejam, são bem pouco comparados com o coletivo.
Bom, para o brasileiro, futebol é muito mais do que um jogo emocionante. É um patrimônio cultural nacional. Quem morou no Brasil sabe como o futebol permeia a nação. No mundo robótico onde as pessoas não são permitidas jogar, assistir jogos e blarg... torcer, nada disso pode fazer sentido mas no Brasil as pessoas sofrem pelos seus times, assim como as pessoas sofrem pelos seus melhores personagens nas suas ficções preferidas. O Brasil tem histórias de futebol que precedem a história das copas. Basta lembrar que a "seleção" participou de todas as edições da Copa do mundo.
Tomar uma goleada em "casa" é doloroso para o brasileiro porque de certa forma é sentir parte de seu patrimônio cultural ser perdido, no mínimo ferido. O medo de o Brasil ser grande no futebol apenas na história corrói sua alma que agora tenta deglutir o prato indigesto de realidade servido em sete doses pelos alemães. Os intelectualóides e os falsos filantropos que me perdoem, mas o brasileiro tem direito sim de sofrer pelo futebol.
As pessoas não entendem porque os brasileiros choram por um jogo. Debocham, compartilham fotos dos chorões, tolos, torcedores que torcem por "nada". A sabedoria da internet, nos inunda com uma série de ótimas frases. As dos ingleses são as melhores, talvez porque eles já estejam acostumados a perder no jogo que inventaram: "aos invés de chorar por suas crianças famintas, eles choram por um jogo". Essa frase é tão cínica e estúpida ao mesmo tempo que certamente não vou conseguir responder como deveria.
Ao falar em "suas crianças", o comentário limpa a consciência do inglês da pobreza no mundo. Como se estivesse a dizer: as crianças inglesas estão saudáveis e bem alimentadas; se existe alguma criança morrendo de fome, claro que não é no meu mundo. Talvez seja assim que o inglês, com sua moral sublime, consiga dormir à noite com toda a pobreza nos países de terceiro mundo. A África, por exemplo, não fica no planeta Terra. Quer dizer, não no planeta Terra inglês: Earth. "No kid hungry on the Earth, of course my dear".
Mas deixando o cinismo de lado, a frase coloca que o mundo não é governado pela razão. Qual a razão de se chorar por uma história de ficção escrita, contada ou encenada? Nenhuma, não é? As pessoas perdem tanto tempo com arte e entretenimento, para que? "E as crianças sofrendo?"
O que enche os pubs ingleses a noite? Seriam atividades relacionadas a caridade ou elevação intelectual? O que leva o avanço do consumo de drogas dos jovens? Para alguns, a estupidez é a explicação fácil; como se a vida fosse um problema simplíssimo, óbvio, boçal.
Assim como para qualquer pessoa inteligente com um mínimo de sensibilidade, futebol é um jogo emocionante. Sim, emociante, surpreendente, e de acordo com os americanos mais loucos, é um jogo contra os valores capitalistas: porque as pessoas que não tiveram o "mérito" de nascer nos "melhores" países competem em igualdade com os "melhores" nascidos e os indivíduos, por melhores que sejam, são bem pouco comparados com o coletivo.
Bom, para o brasileiro, futebol é muito mais do que um jogo emocionante. É um patrimônio cultural nacional. Quem morou no Brasil sabe como o futebol permeia a nação. No mundo robótico onde as pessoas não são permitidas jogar, assistir jogos e blarg... torcer, nada disso pode fazer sentido mas no Brasil as pessoas sofrem pelos seus times, assim como as pessoas sofrem pelos seus melhores personagens nas suas ficções preferidas. O Brasil tem histórias de futebol que precedem a história das copas. Basta lembrar que a "seleção" participou de todas as edições da Copa do mundo.
Tomar uma goleada em "casa" é doloroso para o brasileiro porque de certa forma é sentir parte de seu patrimônio cultural ser perdido, no mínimo ferido. O medo de o Brasil ser grande no futebol apenas na história corrói sua alma que agora tenta deglutir o prato indigesto de realidade servido em sete doses pelos alemães. Os intelectualóides e os falsos filantropos que me perdoem, mas o brasileiro tem direito sim de sofrer pelo futebol.
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