O julgamento do Mensalão na suprema corte desse país tem lavado a alma do brasileiro, dando um novo rumo ao escândalo que foi tido como factoide. A evolução tecnológica e todo acesso a informação não nos privou de ver a ética quase minguar no cérebro político dessa nação .
Vivemos um novo momento da história...
Podemos facilmente consultar a internet e procurar os últimos acontecimentos da política. Os blogs acompanham os passos de políticos, do senado do congresso, da presidência. Por todo lado nossos olhos se espalham e se interconectam. Nossa memória cresce a bilhões de páginas. Gozamos de uma facilidade ímpar para nos informar de acontecimentos, fatos, nomes. Os nomes dos mensaleiros, sanguessugas, e demais membros da camarilla estão listados em diversas páginas da rede. São muitos nomes... talvez nomes demais para nossa antiga memória, e breve eram os segundos em que eram anunciados no Jornal Nacional, em suas edições mais politizadas( Lembra o nome de algum dos anões do orçamento?).
De fato. Temos tudo isso à nossa disposição e mesmo assim achava que vivíamos numa decadência política. A conseqüência mais deletéria do governo Lula foi debilitar a capacidade do povo de se indignar com a corrupção. Sobre o pretexto tosco que este é o governo que mais investiga denúncias de corrupção, o povo se apazigou e não franziu uma ruga em protesto aos escândalos. Quantas foram as manobras do governo federal para impedir CPIs, investigações, punições!? Até que ponto chega a indiferença ao crime?
Recordemos alguns fatos. A comissão de ética julgou (com direito a todas as formalidades legais e trâmite burocrático) e condenou 18 deputados por quebra de decoro parlamentar envolvidos no escândalo do mensalão. Dos 18 deputados, apenas 4 foram cassados. O congresso teve o desplante de absolver criminosos sequencialmente, com direito a dança da pizza. Entre os deputados cassados, está o ex-ministro da casa civil, José Dirceu, companheiro de longa data do presidente Lula, ainda hoje, trabalhando nos bastidores do PT. Cara-de-pau ainda maior é o senhor ex-presidente afirmar que não existe nada de concreto contra o companheiro José Dirceu e que sua cassação foi pura "intriga da oposição", ignorando levianamente o fato de Dirceu impugnar o uso de provas (como suas movimentações bancárias) por não terem sido obtidas através de mandato judicial.
Em que lugar do mundo isto é ético? Onde está o impeto investigativo do governo que tentou coagir o senado a não aprovar a CPI dos Correios, a ponto de levar um de seus membros (senador Eduardo Suplicy do PT-SP) aos prantos votar contra as orientações da direção do partido?
O governo não foi o único culpado. É evidente o amadorismo da oposição. O discurso acadêmico do PSDB não conseguiu sensibilizar o povo a tomar as ruas e protestar, como o PT fazia nos tempos de oposição. Uma oposição elitista, isolada em torres de marfim edificadas em ares de superioridade intelectual, nada vale para politizar o povo analfabeto, agora calado a ouvir a agonia da ética no cenário político.
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